segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Feliz ano novo!!!

Feliz ano novo!!!
A quem tem um bom coração
e a quem tem uma pedra no lugar.
A quem ama incondicionalmente
e a quem espalha o ódio.
A quem não tem ajuda, nem recursos
e a quem tem de sobra e não divide.
A quem vê o mundo com olhos de criança
e a quem não enxerga o lado bom.

Feliz ano novo!!!
À mulher que edifica seu lar
e a que destrói a própria família.
À mulher que é de tudo realizada
e a que apanha e fica calada.
À mulher que se esforça para conquistar
e a quem sente a patológica inveja .
À mulher simples e fácil de entender
e a que nunca é compreendida.
À mulher bela que todos admiram
e a que é feia sempre invisível.
À mulher que respeita seu marido
e a que o trai por diversão.
À mulher que sofre pelos filhos
e a que não os deixa nascer.

Feliz ano novo!!!
Ao homem que luta pela família
e ao que abandona seu lar.
Ao homem que arrisca a vida pelo outro
e ao que mata seu semelhante.
Ao homem que valoriza sua esposa
e ao que bate na própria mulher.
Ao homem que é humilhado pelo patrão
e ao que reprime seus empregados.
Ao homem que trabalha pelo pão
e ao que rouba o fruto do suor.
Ao homem que provoca o sorriso
e ao que deixa alguém em prantos.
Ao homem que sabe dar ouvidos
e ao que pensa está sempre certo.

Feliz ano novo!!!
A todos que querem um mundo melhor
e aos que tentam destruí-lo.
Porque se o ano pode ser tão novo
todos nós também podemos...
Podemos consertar nossos erros
ou errarmos ainda mais.
Podemos fazer tudo diferente
ou continuarmos iguais.
Podemos aumentar nossa bondade
ou sermos mais egoístas.
Nós temos o poder de fazer o que quisermos,
pois somos donos de nossa própria vontade.
Feliz humano novo!!!

( Cristóvany Fróes )

domingo, 11 de dezembro de 2011

Produtor Sertanejo

Não quero esmola,
não quero ser rico,
não quero sair daqui.
Eu só quero ver fruta madura,
nem que não seja minha.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Frida e o arco-íris Kahlo

A casa azul
é a cor da arte
e a cor da casa,
a própria Frida.
O cinza
é o tempo mórbido,
ofuscado em acidentes;
nessa vontade
voraz do destino,
em ceifar a vida.
kahlo é a cor da força
a resistir à sina;
revelando o ser
enquadrado
neste sistema
bruto.
O viver são cores!!!
Cores frias,
cores quentes,
cores tristes.
Cores!
O vermelho é a obra,
no bombardeio
arterial da arte.
A cor da tela é Frida,
pincelada neste
arco-íris da vida.

( Cristóvany Fróes )

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Olhar de um cego

Não vejo as pessoas passarem,
Nem as ambições em seus rostos.

Não as vejo correrem inutilmente
Nessa busca incessante por matéria.

Não as vejo em apegos fúteis,
Nem a sua inegável coisificação.

Tudo que vejo são mundos coloridos,
Nas pessoas do bem fazendo o bem.

Vejo ecos de amor na vastidão,
Como crianças cantando cirandas encantadas.

Vejo a esperança se renovar
Com o nascer e findar de cada dia.

Vejo a caridade que nos irmana,
Na vida que o peito me deixa enxergar...

( Cristóvany Fróes )

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Regressão

Triste regressão!!!
Vil metais
compram vícios,
e o homem
se desumaniza...
Não crie ópios
para viajar...
O pensamento
é a melhor nave
espacial.
Ah, como é lúdico
o pensar...
Libertar a criança
dentro de si,
reencontrar valores
perdidos no caminho...
Não!!!
Não desperdice
sentidos,
não seja doentio.
Fume beijos,
beba volúpias,
cheire sedução,
tome carinho,
injete na veia, amor.
Não há cura contra
todos os males...
O emplasto só existe
nas memórias
póstumas...
E a lucidez da vida
é a própria loucura...
De viver.

( Cristóvany Fróes )

sábado, 19 de novembro de 2011

Ao cair da noite

No entardecer,
crepúsculos cinzentos
encerram os dias de luz.
Os mágicos sonhos
perdem-se no infinito
das tardes de rosas.
Êxtases em flor
enganam a morte
que me jura.
A noite pousa devagar
e lamentos de dor
revelam-se na escuridão.
A lua chega,
e soluços de medo
calam-se diante
deste condor noturno.
Com lanças no peito,
ventos amargos
desenham solidão.
Pálpebras roxas
veem átropos no asfalto,
em gemidos abafados.
Árvores toscas abrem
aos céus os galhos
e clamam himeneus.
Partem os versos
e fica meu corpo jaz
sobre a fantasia...
No esplendor,
a alvorada surge
com seu castelo de luz.
O amanhecer renova as
esperanças,
e recomeça para então,
um novo dia...

( Cristóvany Fróes )

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Desalento

Eu sou a sombra do penhasco,
o suicídio impensado.

Eu sou a mágoa sem motivo,
a angustia contínua.

Eu sou o choro incessante,
o grito no deserto.

Eu sou a amargura do boldo,
a saliva indegustável.

Eu sou o passado esquecido,
o ser invisível.

Eu sou o caco de vidro,
o corte profundo.

Eu sou o sonho que passou,
o pesadelo contínuo.

Eu sou a triste morte lenta,
a dor incessante.

Eu sou o dorso chicoteado,
O réu sem defesa.

Eu sou o terrível desespero,
a flor despedaçada.

Eu sou a espera de um alguém...
Que nunca apareceu.

( Cristóvany Fróes)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Joguinhos

Finge não me ver.
Bela, joga os cabelos,
e passa.

Faz-se desentendida,
como paisagem, vai
encantadora.

Sinto-a dissimular...
Fala alto, quer ser
percebida.

Eu me aproximo,
rápido se afasta.
Eu a chamo...

Não me ouve, insisto.
Ela, então, grita:
- Sai!!!

Tento agarrá-la,
recusa-me.
E eu a pego...

Ela se esperneia
Puxo-a para mim,
roubo beijos...

Cruel, morde-me...
Mordido eu a beijo
de novo.

Agora com fervor.
Eu a pego no colo,
ela sorria.

Pede para descer,
ponho-a no chão.
Dá-me abraço...

Sai, vira as costas,
promete fazer
queixa.

Eu digo não ligar...
Chamo-a de gueixa.
Desabrocha...

Volta, abraça-me,
diz que me quer
e beija-me...

Morde-me o lábio,
afasta-se rápido
com desdém.

Avanço, ela afasta-se
empurra-me e diz:
_ De...de mau!

_Não me fale!
Perco as palavras,
Fico inerte.

Agora vai embora,
não olha para traz
e ignora-me.

Meu peito, as dúvidas...
Incertezas do querer
que não me quer.

No fundo, esperanças...
amanhã ainda vê-la,
estar pertinho.

Poder, talvez, tê-la
por um momento,
eterno instante.

( Cristovany Fróes )

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Colibri dourado

Porque partes colibri dourado?
Ainda não provaste a seiva da flor,
nem beijaste as pétalas de narciso.
Vais me deixar mergulhado em dor,
melancólico de até perder o ciso.

Porque partes colibri dourado?
Se ainda há flores a desabrochar.
Neste bosque é sempre primavera
é doce e, não há cicuta nem era.
Tudo é belo e, queres me deixar...

Porque partes colibri dourado?
Noutros vales existem predadores,
eles reduzem tuas ilusões a pó.
Não acharás beleza nem cores,
quando notares estarás triste e só.

Porque partes colibri dourado?
Tu és o único de sua especie,
se fores embora deixará tristeza.
Neste meu reino tu és a alteza,
No abdicar, meu tédio acontece.

Porque partes colibri dourado?
Fiques aqui e do bem te fartarás
e meu jardim viverá a teu favor.
Olhe para traz e me perceberás
declarando-te palavras de amor.

Porque partes colibri dourado?

( Cristóvany Fróes )

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Vicente artista

De dia ele tecia
e a noite encantava...
Julgava-se feliz.
Era um homem paulistano.
Como um falcão, encantava.
Gorjeava, Gorjeava
E exaltava o coração.
Nos momentos de linho;
Cosia, cosia,
Com os fios da paixão.

Vicente músico,
Vicente alfaiate,
Vicente artista.
Dos elogios de Madame Rosita,
às palmas da plateia.
Cantor nas noites serenas
e costureiro nos dias esparsos.
Um artista!
Artista!
Nos bailes, as badalações;
Gajos bem vestidos
E mulheres elegantes...
Decorava cortes,
decorava tons,
decorava estilos,
decorava tudo.
Que memória!!!
Entre cantar e coser,
O tempo.
E no tempo, a velhice...

O homem é tênue!
Tênue!
Agora, já não costura
E a sua voz é falha.
Nos passeios diários,
o surto de amnésia...
E na Rua Ezequiel Freire,
a cotidiana pergunta:
- Onde fica a Benvinda Aparecida?
É sofrida a volta para casa.
Hoje o ziguezague o ilude e,
a toada o ensurdece...
Será que Vicente se reencontrará?
Quando a arte voltar ao homem,
o homem novamente será...
Vicente artista!!!
( Cristóvany Fróes )

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Amada Chama Prestes

Nasce uma chama,
Como o rebento do grão
nas terras virgens do amor.

E o amor da chama,
se espalha pelas terras
injustas que Jorge denuncia.

Inspirado pela chama,
o Amado conta as lutas
por um povo ainda ingênuo.

O cavaleiro é a chama,
na busca da liberdade mútua,
cavalgando com esperança.

Prestes é quem chama
os oprimidos para a marcha,
na coluna de igualdade e justiça.

E nessa luta da chama,
a admiração por luiz Carlos
induz o escritor a difundir valores.

E os valores da chama,
inauguram uma nova consciência,
sobre uma amada nação guerreira.

( Cristóvany Fróes )

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Doce voz

Ó doce voz que avança,
Que esperança
Traz-me da brisa do mar?
Dos versos, as passagens
De mensagens
Para fazer-me rimar...

Ó doce voz que avança,
Uma confiança
A comunicação por torpedos.
No recado doces palavras,
Suas lavras
Expressas com os dedos.

Ó doce voz que avança,
És herança
Em nossa busca do saber.
Vives de minha imaginação
Na emoção
Que tento sempre entender.

Ó doce voz que avança,
O que lanças
Sobre os teus próprios pés?
Aproveita- te da rubra aurora
Que agora
O céu esconde-me quem és.

Ó doce voz que avança,
Que aliança
Tu vens a ter com a lua?
Apresenta-se tão distante,
Num instante
Que expressa a face tua.

Ó doce voz que avança,
E avança
Neste caminho de amizade.
Que nada encontres na vida
Flor querida,
Senão a eterna felicidade.

Ó doce voz que avança,
A mudança
Fez nascer tua identificação.
Vanessa, enigmático cometa,
Só prometas,
Sempre voarás com o coração.

Ó doce voz que avança,
Que esperança
Traz-me da brisa do mar?
Dos versos, as passagens
De mensagens
Para fazer-me rimar...

( Cristóvany Fróes )

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Imperfeito Sonhar

Se eu concretizasse,
sonhava.
Se eu sonhasse,
sonhava.

Se eu chorasse,
sonhava.
Se eu sorrisse,
sonhava.

Se eu calasse,
sonhava.
Se eu falasse,
sonhava.

Se eu brincasse,
sonhava.
Se eu brigasse,
sonhava.

Se eu dormisse,
sonhava.
Se eu acordasse,
sonhava...
Para sonhar.

( Cristóvany Fróes )

Homem e Fome ( Por Kafka )

A arquetípica
arte
da fome;

Que mostra
absurdo
e admiração;

Que traz
o espanto e
a fragilidade
humana;

Que torna
a ínfima,
uma
habilidade;

Que vira
tragédia,
frente
ao social;

Que faz
um artista
da fome,
ser
esquecido.

( Cristóvany Fróes )

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A nave Jorge

Quero viajar na nave Jorge...
Navegar em Mar-morto,
com os Velhos marinheiros
e chegar às Terras do sem fim.

Quero viajar na nave Jorge...
Para São Jorge dos Ilhéus,
viver as lutas de muito Suor
Sobre o ouro do Cacau.

Quero viajar na nave Jorge...
Pela Bahia de todos os santos;
De Farda, fardão e camisola de
dormir, para acender a esperança.

Quero viajar na nave Jorge...
E fugir daquela Tocaia grande,
construindo a Seara vermelha,
Com as histórias de Jubiabá.

Quero viajar na nave Jorge...
Ao lado dos Capitães da areia,
com Pedro bala na bela Salvador,
para viver O amor de Castro Alves.

Quero viajar na nave Jorge...
Ir para a Tenda dos milagres
e ver Tereza Batista descansar,
nos braços do amado Daniel.

Quero viajar na nave Jorge...
Ver Brandão entre o mar e o amor,
Perdido nesse País do carnaval,
a cantar Os beijos pela noite.

Quero viajar na nave Jorge...
Nos Subterrâneos da liberdade,
encontrar Os pastores da noite,
refazendo O mundo da paz.

Quero viajar na nave Jorge...
Ver a morte de Quincas Berro D'água,
trocada com a do funcionário público,
dentro da poética Estrada do mar.

Quero viajar na nave Jorge...
Voando com a Andorinha Sinhá,
que se apaixona pelo Gato malhado,
por nós e pelas diferenças do ser.

Quero viajar na nave Jorge...
Aprendendo O abc de Castro Alves,
para que Dona flor e seus dois maridos
possam viver O amor do Soldado.

Quero viajar na nave Jorge...
No galopar do Cavaleiro da esperança,
encontrar Tieta e sentir seus encantos,
que o agreste jamais esqueceu.

Quero viajar na nave Jorge...
Sorrir e sentir pena de Nacib,
Mas me deslumbrar por Gabriela
e pelas obras que Jorge concebeu.

Quero viajar nesse amado Jorge...

( Cristóvany Fróes )

domingo, 21 de agosto de 2011

Mitologia

Pensando
antes,
Prometeu
criou
o homem.

Chateado,
o poderoso
zeus
criou Pandora.

A mulher
abriu
a caixa
e espalhou
malefícios,
mas
deixou escapar
a esperança.

Zeus
ofereceu
à águia,
um fígado
diário,
como castigo
de
Prometeu.

A sabedoria
libertou
o castigado
e a humanidade
reinou
sobre a terra.

( Cristóvany Fróes )

sábado, 20 de agosto de 2011

Ditado

Mais vale
um
amor
inventado
que,
perder
a chance
de
senti-lo.

( Cristóvany Fróes )

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Flerte ( Cada degrau )

Dentre;
Um olhar,
Um aceno,
Um sorriso.
O peito dispara.
As mãos se esfriam.
E palavra é sempre rara.

Querer;
Por aliança,
Por glamour,
Por esperança.
O olor se espalha.
Escuta os segredos.
O beijo sempre estala.

Pois,
em rotina
e monotonia,
o flerte desatina.

( Cristóvany Fróes )

Beber vida


Beber água
Beber tempo
Beber absinto
A lucidez persiste

Beber flerte
Beber amor
Beber paixão
A embriaguez existe

Beber ódio
Beber orgulho
Beber egoísmo
A ressaca é final triste

( Cristóvany Fróes )

Agir


Ter
cérebro
e não
pensar

viver
e não
viajar


Ter
asas
e não
voar

É estar
preso
sem
poder
sonhar.

( Cristóvany Fróes )

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Acordo Imperativo

-Está proibido!!!
Diz o acordo imperativo...
_Vamos proibir as diferenças!!!
E na ambiguidade do ser
o trema foi extinto;
Banido como assassino de português.

Vê-se, então, crimes em ditongos abertos
E ideia agora ficou passiva,
pois perdeu seu agudo.
A plateia agora fica em pé,
já que o acento caiu.
Cair dói,
mas dói permanece acentuado.

Que bom!
O céu ainda tem estrelas e acento,
assim como o véu, da bela noiva.
E se viajar de hiatos...Cuidado!
Voo agora está sem acento.
Vocês creem nisso?
Muitos creem,
mas sem acentuar...

Não gostou, então, para,
mas não acentue.
Sem o diferencial tudo fica  igual.
Nem a feiura escapou.
Coitada!
Como alguém pôde fazer isso?
Sim, e pôde pode pôr acento.

E o maior vilão é o hífen
É algo semirreal;
agora também juntinho.
A autoafirmação se juntou,
assim como mandachuva do acordo.
O arquirromântico está sozinho,
triste por ter se unificado.

De repente, um beija-flor passa
beijando seu lindo hífen...
E nas asas do beija-flor
as exceções trazem
um fio de esperança e liberdade.

( Cristóvany Fróes )

Vácuo

Vanessa veio
voando
nas asas do vento.

Enganado eu a vi
como
a razão de viver.

Assim como veio
no vento sul
ao vácuo voltou.

E deixou em mim
apenas o vislumbre
de uma vida vulgar.

( Cristóvany Fróes )

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Perda

Despido,
o avermelhado
se fez ingênuo.

Vestido,
o português
ignorou tupã.

A cruz ocupou
a terra
e o deus mudou.

o nativo perdeu
o chão
e deixou de ser.

( Cristóvany Fróes )

O desfazer

Quando paro,
desparo.

Quando amo,
desamo.

Quando faço,
desfaço.

Quando gosto,
desgosto.

Quando escrevo,
descrevo.

Quando falo,
não desfalo.

( Cristóvany Fróes )

Bem mau

Entre o bem e o mau
há um espaço de nada.
Um vazio,
Uma ponte caída,
Um delírio sem fim.
E na corda bamba do destino,
o que prevalece é a gravidade.
A melhor residência é sempre
a linha de fogo.
É dificil compreender o bem,
diante da facilidade do mau.
Como entender Deus e o diabo?
E as respostas são absurdas:
A guerra!
A paz!
A persuasão!
O que há de bom nisso ?
O meu bem me quer mau
e meu mau é querer bem.

( Cristóvany Fróes )

sábado, 30 de julho de 2011

Receita de Vilão

Iago esperto;
enganou a Otelo,
enganou à Desdêmona,
enganou a si mesmo.
E morreu bobo,
no próprio
engano.

( Cristóvany Fróes )

Recado de Colibri

Despedaçando a flor,
ele rende-se
ao crime.

E o olor que imprigna
o ar
não detém a bala.

E tal ato
interrompe
o ciclo vital.

Entre o tiro
e a flor,
o perfume
e a pólvora;

um colibri
passa
sussurrando
amor,
entre beijos.

( Cristóvany Fróes )

Por Narciso

O reflexo
na água
encantou
Narciso,
que não
partilhou
da beleza.

Num fatal
abraço,
a imagem
se desfez.

Da sua vida
Nasceu
uma
Compartilhada
flor.

( Cristóvany Fróes )

Cartinha

A carta da vida
não tem
resposta
que conforta

Uma alma
que
insiste
em
balbuciar.

Gaivota

A gaivota
vai e volta.

Atira-se
na imensidão.

E no zodíaco,
fixa estrelas.

Perdida,
procura a si mesma.

A frente,
um horizonte
de sonhos.

E num esmero
infinito lúdico,
reinventa-se.

( Cristóvany Fróes )

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Caixa de ilusões

Quando liga a caixa se esquece...
Mas esquece de si e vive a imagem.
A caixa de pandora acumula audiência:
Cenas cotidianas de novelas,
Cenas chocantes de filmes,
Cenas de muitas reportagens.
E a vida passando diante dos olhos.

No sofá, o inerte corpo se espalha.
E a imagem vai ditando as regras...
A tevê impõe uma verossimilhança.
E a atenção da família é furtada:
" -Silêncio! Eu estou assistindo..."
Uma emoção fictícia a fazer chorar...
E a vida passando diante dos olhos.

O mercado de ilusões a todo vapor:
A coca-cola que vai matar a sede;
O shampoo a deixar o cabelo lindo;
A cerveja é o elixir para a alegria.
É obrigatório comprar para ser atual.
Compram, e vão consumindo o olhar...
E a vida passando diante dos olhos.

A toda hora a atenção é assaltada.
É um bombardeio de produtos "úteis".
A garota vende programa e ideologias.
A sexualidade é a alma do negócio.
A criança vende o inocente sorriso...
E o vídeo apassivador finge interagir.
E a vida passando diante dos olhos.

Coagido, o ser já não é mais dono de si.
A vida é ditada pelo frenético aparelho.
E a passividade impregnou-se n'alma;
Mas o cartão de crédito paga tudo.
O cartão paga até o que não precisa.
E a caixa furta até o ultimo olhar...
E a vida passando diante dos olhos.

E a vida vai passando...

( Cristóvany Fróes )

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Errar

"Errar não é humano, é eventual.
Acertar é humano, e se erramos
é tentando acertar"

(Cristóvany Fróes)

Ajuda?

"Pedir ajuda a políticos, é o mesmo
que vender a alma ao diabo e, ainda
assim não obter o que se precisa."

(Cristóvany Fróes)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Uma loucura

E ele era um jovem que amava com candura,
daqueles que sorria até mesmo sem motivo.
E a felicidade lhe era uma comum fervura
de uma alegre vida, num cotidiano ativo.
E o povo dizia: Uma loucura!

E seus passeios era com a mais bela figura,
Tereza, mulher de encantos espetaculares.
E o sentimento maior reinava com muita doçura,
até mesmo nas palavras que diziam seus olhares.
Para muitos, uma loucura...

E durante anos esse amor lhe fora uma fartura,
sempre degustado como o mais delicioso alimento.
E a reciprocidade desse bem era uma aventura,
que acalmava seu açucarado peito ciumento.
E todos: Uma loucura!

E aquele rapaz já não sorria mais a essa altura,
andava tristonho, lamentando pelos cantos isolado.
E a mudança que lhe provinha era de uma desventura,
seu bem maior se foi, e de Deus ela estava ao lado.
Pensavam... Uma loucura...

E o ser melancólico contestava sobre a sepultura.
_Por quê? Por que tu foste embora, ó bela companheira?
E a sua tristeza e o desespero não se fazia mistura,
pois os passeios ele voltara a fazer de outra maneira.
É mais uma loucura...

E o homem manifestava-se contra a nova estrutura,
que transformava a cidade e o tempo de outrora.
E que derrubavam árvores, destroíam praças por usura;
um teatro caiu e deu lugar a uma fábrica motora.
Os vizinhos: Uma loucura!

E o senhor reclamava das mudanças com bravura,
das coisas que deixaram de existir no cenário.
E outro dia queseram demolir o bar da literatura,
no local, o velho foi detido por manifesto contrário.
E a polícia: É uma loucura...

E o cárcere explicava os protestos e sua azedura,
que derrubaram a árvore, onde primeiro viu seu bem.
E da praça destruída, os namoros com a sua fofura,
mesmo o teatro, lembrou primeiro encontro também.
Lembrar é uma loucura!

E sobre o bar, o idoso queixoso falava de amor e da jura,
que a amaria para sempre, pois seu peito é fraterno.
E poupado o bar, o louco voltou a sorrir sem amargura.
Agora livre, vai continuar a amar esse louco amor eterno.
Éh, amar é uma loucura...

( Cristóvany Fróes )

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Reamor

E brota num peito um belo sentimento,
em que a chama ardente serve de guia.
Um queimor indescritível alegra o âmago
e a fina sintonia de uma orquestra o embala.
Rancores desaparecem e dão lugar a cores,
Cores que formam um colorido tridimensional,
induzindo os amantes à valsa louca.

Loucura para terceiros, paraiso em quem sente,
e belo, diante da pureza de assussena.
O tempo se esvai numa metamorfose imperceptível,
repleto de carícias e declarações de bem estar.
Por ironia da vida, vem o desamor e os separa
e desde então, um castelã de tristeza os assalta.

Perde-se da vida o sentido, a realidade se enduresse
e o mais puro sentimento desaparece.
E no jogo de amor-desamor e morte-renascimento,
surge da eternidade o reamor, na contradição do efêmero.
Da semente brota a árvore e da árvore a semente
o amor nunca morre, permanece eminente.
Quem ama, ama para dormir, acorda para amar
e reama num puro e incessante flamejar.

( Cristóvany Fróes )

domingo, 29 de maio de 2011

Metropolicéia



Metropolicéia

Em meio a um mundo louco e esparso,
eu me deparo neste confuso organismo vivo...
Há um estranho coser de figuras inimagináveis,
dentre as diversas concepções idiomáticas.
 
Surge daí, pessoas de rostos étnicos milhares,
em constante mutação e transmutação da vida.
Paulicéia de um cinza ambíguo, quanto à sua beleza;
onde as cinzas das horas se esvaíram
para que fosse fundado um dia o desvairísmo.

Paraíso, inicio do centro financeiro,
que se finda na Consolação...
Centros culturais dividem espaço com
empresas diversas;
calçadas mendigam níqueis e faróis
revelam artistas anônimos. 
Da Avenida Paulista, a ilusão
de engravatados robóticos,
sobre uma realidade econômica
ingerida por marionetes...
Aos domingos, um deserto;
como se nunca fora antes habitada,
para, então, ser novamente invadida
bruscamente na segunda-feira. 

Praça da Sé, de indivíduos idioletos, socioletos
e etnoletos desconcertantes;
a desafiarem as célebres visões
coserianas, saussurianas e jakobsonianas,
quanto aos pensares linguísticos semióticos. 
Nove de Julho de fantásticos e
estranhos arranha-céus,
que misturados às casas,
revelam uma estranha dimensão 
arquitetônica e antonímica dum outro viver.
 

Dos prédios, o sentimento de grandeza
sobre átomos, que lá embaixo
se animam apressados como saúvas. 
Passarelas públicas de passeios despreocupados
entre ruas, praças e avenidas movimentadas.
Santanas que se juntam e se desvencilham,
 
nas Cruzeiro do sul e Voluntários desta pátria.

Metrô de seres que se tocam
sem se conhecerem
e se veem na invisibilidade
do mergulho autoconsciênte.
Um grande correio surge
dentro de uma praça única,
cuja estrutura nos remete
a um tempo psíquico individual...
Entre carros, motos e sinaleiras,
há florestas...
Verdadeiros atropelos de tempo-espaço-fato,
dirigindo na contramão do "de repente".

Uma verde e viçosa Ibirapuera incide,
em meio a buzinas, fumaças, vozes e motores.
Um enorme zoológico se revela
na mais surpreendente selva de concreto. 
De repente umas garoas em pleno sol,
a nos levar a estações estranhamente românticas.
Augustos e Haroldos de campos espaços,
a germinarem versos em poemas concretos.
Pessoas de olhares perdidos sobre a arquitetura Masp,
ou pelo encontro da São João com a Ipiranga...
E na praça da bandeira,
a consciência de brasilidade vesti-se na elegância
do Braz, com o charme de Bom Retiro,
 e se embala nas oportunidades da 25 de Março.
E eu, enfim, encontro minha Estação Luz,
nas avenidas desta vida,

entre os trilhos deste paulistano universo. 

( Cristóvany Fróes )

sábado, 28 de maio de 2011

"Saudade nada mais é que
a constatação da falta
de alguém especial"

( Cristóvany Fróes )

terça-feira, 24 de maio de 2011

Perdido

Perdido!
Eu fui e não voltei.
Eu me perdi sem me encontrar.
Lembrei, mas esqueci.
Tentei, mas desisti.
Fiquei quando era para ir.
Fui, quando tinha de ficar.
Escutei, mas não ouvi.
Enxerguei o que não vi.
Senti o que não existiu.
Eu não sou daqui!
Sou de além-lá,
[onde o viver é uma aventura inconsequente.
Viajo sem sair.
Adormeço sem dormir.
Anoiteço sem entardecer.
Eu sou de ninguém.
E o meu aqui é além.
Vou como quem fica.
E fico como quem já foi...

( Cristóvany Fróes )

Da professora Tereza

Da professora Tereza os olhos.
Fixos em mim, disperso no erro.
E quanto a paixão de pimpolhos,
fazia-me rugir como tigre no cerro.

Da professora Tereza a boca,
num falar da gramática sonora.
Dos lábios saiam a sinfonia louca
e eu ali dentro, viajava lá fora.

Da professora Tereza o pescoço,
cujas veias se sobressaiam, irritada.
Via-se volúpia nos momentos de esforso.
Era alta, mas, meu tamanho, sentada.

Da professora Tereza "uns braços",
se elevando nos momentos de giz.
Em cada palavra na lousa, seus laços
e a denuncia da lição que eu não fiz.

Da professora Tereza o perfume,
impregnava esta sala de minh'alma,
a distribuir no ar tanto amor e lume,
que meu peito até hoje bate palma.

( Cristóvany Fróes )

sábado, 21 de maio de 2011

Ode ao sistema

Eu insulto os maçons, os iluminatis!
O neoliberalismo, os mercenários!
O alienador capitalista, o demagogo!
O "onze" que forma os portais, as duas torres!
O olho que tudo vê, o olho de órion!
A escuridão com nome de luz! As espionagens!
As concepções financeiras, as especulações!

Eu desprezo os cento e trinta influentes!
A competição por emprego, por comida!
A manipulação da tv, a falsa ideologia!
A bandeira de Israel, o Hexagrama!
A politica americana, as conspirações!
A luz obscura, O dólar americano;
que escravizam o mundo e ousam
chamar de democracia.

Eu abomino a guerra, o massacre!
A bandeira americana, as treze faixas!
Os Gilderberg! As profecias!
Moloque e as sociedades secretas!
Os símbolos subliminares! A pirâmide!
A linhagem do mau, As treze famílias!
que decidem o futuro do mundo,
reinando sobre milhões de alienados.

Morte a usura, a corrupção!
Morte às doenças inventadas!
Morte ao iluminati desfaçado;
Que induz o homem a uma ambição
sem limites, descaracterizando o ser.
"-Mulher, eu não sei o que vamos comer,
o dinheiro é para pagar o carro zero.
- Mas vamos morrer de fome!"

O Deus que nos ilumina, é verdadeiro!
Não pede nada em troca,
apenas o amor lhe convém.
E entre o céu e o inferno,
existe um caminho chamado Cristo,
que anula o mau, mostra -nos o bem.

Abaixo os sacrifícios humanos!
A maçonaria! "Os presentes!"
O Grupo dos oito! O Grupo dos vinte!
A observância, O autoflagelamento!
Ao artista vil! O discípulo Iluminati!
Ao demônio Bush! Ao Obama!
A repressão dos países pobres;
vivendo na miséria, enquanto a América
gasta milhões financiando guerras.

Mate! Mate a ti mesmo, oh abutre mesquinho!
Ódio ao presidente dos estados Unidos!
Ódio às pedras da Giorgia, àquelas inscrições!
Ódio Ao Pentágono! Morte ao sistema!
Ódio a Casa Branca, O trono do mau!
Ódio a discriminação! O Apartheid!
Ódio a nova ordem mundial! Às más intenções!
Ódio a hierarquia inglesa! Ao chanceler!
Se aliam a yankees para aterrorizarem o mundo.
Ódio ao encontro anual Gilderberg!
Pensam que sempre dominarão o mundo,
mas vem aí a resistência para combatê-los.
Ódio ao curral que vivemos! Ao gado obediente!
Enquanto isso, "dorme nossa terra
tão distraida, sem perceber que é subtraida
por tenebrosas transações".
Ódio justificável, compreensão mútua!

Fora! Fora! Fora sistema iluminatis!

( Cristóvany Fróes )

terça-feira, 10 de maio de 2011

O cargo

Oh! quão melancólica
a vida do deputado,
nem o emplasto Brás Cubas
poderia curá-lo.
Pobre homem!
Quanto aos sentires;
ele sente dó, lares distantes
e outros bens...
Que pena!
Tanto decoro há
para cumprir,
que é dificil decorar.
Contudo,
nada a se preocupar,
seu povo está seguro
em terra firme
e o nobre, além-mar.
Ah! Aqueles cruzeiros
a torturá-lo
com tanto desconforto...
Será por isso o languor ?
Como escafandrista,
ele fica imerso
em umbráticos projetos,
a serviço de outrem.
E nessa selva de raposas
e leões,
a honestidade é um bicho
desconhecido.
E no cargo,
de-pu-ta-do, sem as silabas,
inicial e final,
a palavra que fica é sempre
melancólica.

( Cristóvany Fróes )

domingo, 1 de maio de 2011

Pouco amor

Eu quero amar...
Amar, mesmo quando houver desamor.
E quando o desamor desanimar
eu amarei ainda mais.
Mesmo quando o ódio corroer o peito,
eu amarei para curar.
Eu quero amar...
Amar, amar, até que eu me canse
de amar
e ame denovo para descansar.
E quando amar for amoroso demais
eu amarei para amenizar.
Eu quero falar tanto de amor,
que o poema deixará de ser poema
e será, amor.
Eu quero amar
até o ponto em que o "não"
disser sim, ao amor.
E se me proibirem de amar,
eu amarei a proibição do amor
e o amor proibido.
Eu quero amar a idéia de amar,
e amar a quem ama incondicionalmente.
Amar o meu amor e o amor dos outros,
que somados ao meu, ficarão ainda maiores.
Amar o amor e dividir amor com outrem.
E se o amor não me amar,
eu amarei o amor até o amor me amar.
Eu quero amar, porque amar
não se perde tempo explicando,
simplesmente ama.
E se o tempo passar quando eu amar
eu amarei até que ele volte.
Eu quero amar...
Quando rouco eu estiver,
sussurrarei amor nos ouvidos do amor.
E quando o amor chegar ao fim
é porque finalmente chegou a hora de amar,
perdidamente.

[Cristóvany Fróes]

Esperar

Eu, isolado na minha triste alcova,
sentado diante da escrivaninha,
esperava um poema chegar...
Eu queria um poema,
se o fiz, não sei, mas queria fazê-lo.
Eu queria que ele viesse,
arrancasse meus pés do chão
e me fisesse voar.
Queria um poema doce...
A cada recitar, um beijo;
A cada leitura, um abraço;
A cada verso, um sorriso.
Eu queria um poema,
Que devolvesse ao surdo, a audição
Que desse ao cego , a visão
Que fizesse nascer no mudo, a voz.
Eu queria que a viúva chorasse de alegria,
ouvindo de seu falecido, o adeus,
em póstumas palavras de amor.
Queria que tivesse a beleza das flores,
que doam o doce néctar ao colibri.
Eu queria que ele tivesse a pureza
da criança,
que ama sem saber.
E o meu poema bailando no ar,
infectando todos sentires humanos.
Ah, quem me dera o verso puro,
o verso que eliminasse o ópio
e trouxesse de volta a lucidez louca de amar.
Eu queria o verso do amanhecer,
como o despertar dos passarinhos
em primeiros gorjeios.
E ao anoitecer,
o crepúsculo matutino finalmente
se encontrasse com a aurora
e a declarasse amor eterno.
Eu queria um poema forte,
que não se abalasse com as mãos trêmulas
do autor.
Um poema que vencesse a bomba
e ocupasse a cabeça do homem vil.
Queria um poema que mostrasse piedade,
tirasse do carrasco o chicote
e desse à vitima a voz do perdão.
Como eu queria um poema...
agora, de repente, rodeado de flores,
diante do corpo jaz e do verso frio da lápide,
lembro-me que fazer o poema,
eu nem ao menos tentei.

[Cristóvany Fróes]

Aqui

Estar aqui
Seria um fato,
se não fosse o fato
de não saber se
sou, estou
ou imagino ser.

[Cristóvany Fróes]

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O belo de outrora

Quando me vir
passar,
não digas que sou
louco, excêntrico
ou que me queres
falar...
O meu amor
não precisa de elogios,
nem quer ser
correspondido.
É sublime!
Sublime!
Vive apenas
em saber de tua
existência.
Se te aproximas
de mim
mostra-te carnal,
um defeito
para o belo.
E para ser essa figura
pitoresca,
basta-me que
estejas nos limites
de minha visão.
Assim como a aurora
a causar admiração
e espanto
no enrubecer dos céus,
mas ninguém a possue.
Ter a ti
quebraria o encanto,
causaria-me dor.
Porque a posse
trai a pureza
e o amor.

[ Cristóvany Fróes ]

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ar[dor]

Corre,
de pés no chão
levanta voo.

Sente o enjoo
da paixão.

No peito,
passarinho,
canta canta
de mansinho.

O medo se espanta!
E quem é o ardor
para dizer;

Como a dor
vira prazer.

[ Cristóvany Fróes ]

Máscara

Todo meu eu
é máscara,
que insisto chamar
de elmo.
A minha defesa
é sempre
contra mim mesmo;
defesa de intempéries
pensamentos
sobre o que não
sou.
Ah, se eu fosse
o cântaro
lá do canto da sala,
que de tão pitoresco,
pudesse cantar...
Encantar por si só,
sem pensar.
E se quebrasse
um dia,
ainda sim,
o ruido seria
a mais doce toada
do alaúde,
tocado
pelos arcanjos
para os deuses.
E assim,
eu seria música.

[ Cristóvany Fróes ]

Migalhas

Tu vens!
Deita,
debruças em mim.
Sou regaço,
assim
eu me faço;
confidente em tudo.
Se entendo,
opino.
Senão,
calado fico.
Como um sem teto,
Vão eu sou.
Valho-me do afeto
que sobrou
da noite passada.
Ele não quis
e tu me deste
sem pensar...
De uis e ais
eu amadureço
porque que quero
e mereço
muito mais.

[ Cristóvany Fróes ]

Liberdade (menor poema do mundo)

O ovo,
abriu,
voo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Idas e vindas

Quem vai leva saudade
E deixa saudade em alguém
Joga de lado a vaidade
E sente saudade também

Quem chega saudade mata
Que faz lembrar o convívio
Dessa coisa tão ingrata
Que reencontro traz o alivio

Quem fica guarda saudade
A esperança gira em torno
De uma grande amizade
Cujo prêmio é o retorno

Quem vem traz lembranças
Em doceamarga bagagem
De incertezas e confianças
Frutos de uma viagem

( Cristóvany Fróes)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Leilão da Saúde

O hospital maternidade em que nasci
[Foi o Santa Isabel;
Não era perfeito, mas funcionava...
Quantas crianças nasceram,
Quantas esperanças de futuro,
Quantos sonhos se fizeram.
E os milagres? E a cura?
Ó Santa Isabel, tu eras o berço de uma
[existência;
Tu fostes sempre uma referência ilheense,
Tinhas o valor que o cacau nunca teve.
Tu tornavas possível a vida humana,
[o rebento.
Agora há ao redor de ti somente ecos...
E não são choros ou sorrisos de crianças.
Não!
Os ecos são ensurdecedores, ferem os
[nossos ouvidos e a moral ...
Eles são de verdadeiros pregões.
Como se uma feira livre se formasse em
[torno de ti;
-Olha o berçário! Quem vai querer?
-Olha a identidade ilheense!
-Olha o Santa! -Olha o Santa!
-Quem dá mais? -Quem dá mais?
E na batida final do martelo, tu foste vendido
[para o cidadão de gravata.
Tu és agora uma propriedade privada, privado
[de voltar a ser uma maternidade.
O que farão de ti, ó Santa Isabel?
E o que será das novas gerações?

[Cristóvany Fróes]

quarta-feira, 23 de março de 2011

A figura nas mil e uma noites

Bom, Shariar tinha um alto grau de alegria
"A vida é um palco iluminado", Dizia.
Ele que era o rei da honra e da alegria;
Sim, ele amava como as criancinhas.
Ao ir pegar o brilho da lua, foi surpreendido...
Sua esposa furtava sua confiança, com outro.

E com espada na mão, em lúcida loucura,
Fez: Shaaap ! E eles bateram as botas.
- Quem com ferro fere com ferro será ferido !
Desde, então, o sol amanhecia triste e escondido.
Decepcionado, ele virou um poço de máguas.

A esposa de seu irmão também era uma santa...
Quanto as mulheres, ele não as amava, as odiava;
Decide casar-se, enganá-las, matá-las de manhã.
Cada alvorada mandava matar o homem uma noiva
E sob as dores e sob a tristeza, surge Xerazade,
Noiva sagaz de muita esperteza, planeja sobreviver.
O plano era entretê-lo,
O plano era contar histórias,
O plano era conquistá -lo.
Ela não era má contadora de histórias,
E o rei já estava cheio de se sentir vazio.

As histórias que Xerazade contava, Shariar ouvia.
E o rapaz chorava rios, quando não morria de rir;
Parava os contos, e a moça dormia transparente de manhã.
Após mil e uma noites, o olhar dela era doce para ele.
O vento vinha ventando e ele via a hora do perdão:
_ Xerazade bela Xerazada és puro amor, me perdôe...
Ela concedendo a seu rei o perdão, com ele se entrelaçou,
E eles gorjearam de amores até o fim de seus dias...

[ Cristóvany Fróes ]

terça-feira, 22 de março de 2011

Amazônia

Paraiso, nobre peito da terra.
Floresta, encantada de verdade.
Sorriso, expressão que não encerra.
Esta, o pulmão da humanidade.

Arvores produzem os doces frutos.
Suas ervas curam corpo e alma.
Pássaros cantam júbilo sem lutos.
Animais felizes brincam com calma.

Os indios que brigam por esta terra,
Percebem que preservar é certeiro.
Toda fauna e flora também berra.

Preservar é amar os nossos herdeiros,
Pois há força superior na terra,
Floresta nossa, Deus, brasileiro.

[ Cristóvany Fróes ]

domingo, 20 de março de 2011

O sono

Na ânsia de escrever
Deixo o tempo esvair
Criação há de prover
O lugar aonde ir

O sono que me chega
Interrompe o poema
Surge figura da nega
A provocar o esquema

O regaço me chama
Ao leito de tatame
Lá há moça bacana
A espera que eu a ame

Eu o único candidato
A tê-la eternamente
Na folha o relato
Do romance ardente

Viajo com macunaíma
Como fez o velho Mário
Nos braços da menina
Inventada no diário

Acordo seguinte dia
No impacto do susto
Ao ver cama vazia
Crer com muito custo

Lá musa não havia
Apenas uma viagem
Que a mente fantasia
No texto sem margem

Com caneta em punho
E os olhos pro teto
Em posse de rascunho
Do poema incompleto

[ Cristóvany Fróes ]

quarta-feira, 16 de março de 2011

Eterno vislumbre

É perenal !!!
Ó deusa jambo
de olhos jabuticabais,
o momento em que
tu passas por mim.
O céu e a terra se misturam,
criando galáxias animadas.
É divino!!!
Sorte é te ver desabrochar
num belo sorriso...
As rosas do jardim
de meus sonhos
abrem e fecham,
no ritmo acelerado
de um coração aflito.
Os teus negros cabelos
Voam como aves de condor
em busca da presa.
Oh, Como és linda !!!
O teu caminhar
é como o passo
da valsa apaixonada
dos amantes febris.
A tua boca é a aurora
que o horizonte enrubesceu
no leve clarão da lua cheia.
E na praça dos prazeres,
sob a suave brisa,
uma canção te embala.
E no sutil balançar
de teus quadris;
sinto ,então, todos
os murmúrios voluptuosos,
a te despirem em palpites
espetaculares.
De repente tu partes,
mas fica em mim,
mesmo no claro dorso
de meus devaneios,
tua presença vislumbrada
em minh'alma.

[Cristóvany Fróes]

sábado, 12 de março de 2011

REVER

Quando disse eu, ouviu ué.
Quando disse ramos, foi somar.
Quando disse elo, deu olé.
Quando disse Raul, viu o luar.

Quando disse Marias, já saíram.
Quando disse rodo, sentiu odor.
Quando disse marrocos, me socorram.
Quando disse rota, fez o ator.

Quando disse ralem, foi melar.
Quando disse ira, viu Ari.
Quando disse rata, foi atar.
Quando disse iris, viu siri.

Quando disse os, estava só.
Quando disse Alani, não inala.
Quando disse on, me deu um nó.
Quando disse alas, fez a sala.

Quando disse olá, ouviu alô.
Quando disse Lina, viu anil.
Quando disse ova, leu avô.
Quando disse livres, foi servil.

Quando disse lavo, leu oval.
Quando disse aro, entendeu ora.
Quando disse latem, leu metal.
Quando disse aroma, deu amora.

Quando disse raro, foi orar.
Quando disse rolo, leu olor.
Quando disse rara, foi arar.
Quando disse Roma, teve amor.


[ Cristovany Fróes ]

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sala de Aula

Em lavra pensada se lavra mais que uma descoberta.
Em suma, eu espero agora que ninguém suma e escute,
O que digo da deusa Era, que já não era como Roberta.
Serena de corpo são, que também são qualidades da Ruth;

O nosso mestre virá reclamar se esta vira para Edlene
E a convida a ir embora, embora a aula ainda mira.
Uns em vão, outros não, e vão dando a atenção solene
À aula que se vinha, mas a vinha muito perturba Maíra.

A venda e o uso desse produto, venda as percepções na sala...
_ “ E jamais cobre os cobres gastos”, como disse Thaís
À Griace que não bebe, porém, se porem no copo, fala:
_ “ Se o caso é não beber, eu não caso e não fico feliz”.

A aula prossegue, juro, mas o juro virá no final do ano.
Elias sua ao ver sua nota, quando Alberto levanta o dedo:
_ “Exatamente! Para de falar, para ouvir o colega Adriano”.
Alguém tira uma tira do cabelo e passa à Andréa Toledo.

_ “Leva tapa, quem tapa o sol com peneira”, disse Rosa;
Bianca não poupa ninguém, nem mesmo a polpa da ciriguela.
E manga agora do suco de manga comprado pela formosa
Ariana, que eu olho e a vejo piscar o delicado olho para Mirella.

Robson fala que seu Sidnei, com seu jeito gozador disse:
_ “O Papa, papa a missa do galo e o povo o ampara”.
Silvia caiu como uma maçã e, acordou antes que a maca saisse,
Inar é pagã, mas sabe que nada paga a fé que tem Dandara.

Patrícia enfatiza: _ Amem sempre e digam amém a toda essa magia.
Natacha não aceita, se neste país, poucos pais nos ensinam isso.
_ “Minha meta é ser feliz, nem que eu meta minha a ideologia”.
Disse Flávia, uma diva, que sentada no divã apostaria a vida nisso

Thaís diz à tuca: - Não tema a nada, o tema da vida é ser feliz.
Sei que ela iria à roma por Deus e comeria romã para amar.
_ “O saber é como a faca, é util, faça bom uso e o bem condiz”
Grita Paulinho, em traje de lã, lá no fundo da poesia de rimar.

A colher a qual nós usamos para colher o alimento intelectual,
Não serviu para o tipo de homem servil, que desistiu de estudar.
A aula foi-se como se uma foice decepasse o tempo habitual;
E a cena rara vem, quando o professor acena querendo ficar.

O saber apenas nos revela, não mente como a mente alienada,
E com certa manha, ele deveria ser o café da manhã da gente.
O caminho é o cozer de livros, e o coser da inteligência revelada.
Parto para casa, à espera do parto de um conhecimento contingente.


[Cristovany Fróes]