quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Partida

Perco a calma
Nesse momento
E a minh’alma
Um monumento.

Sou alabastro
Em comoção.
Sem um astro
Que dê emoção.

Sou impaciente
E um invisível,
Muito descontente...
Incompreensível!

Vivo à margem
Da loucura,
Cuja imagem
É sem ternura

Na brevidade
Da vida,
Uma saudade
Aqui mantida.

Da aurora
Que partiu,
Cuja demora
Só me consumiu.

Fico aquém
Dos beijos seus,
Assim como quem
Já disse adeus.


Cristóvany Fróes

Tardes

Tardes da minha terra, doce encanto.
Tardes de sol, de brilho intenso.
Tardes de Ilhéus, as tardes de domingo...

As pessoas sentadas nas calçadas contavam estórias
[daquelas que Rosa contava quando eu menino.
As mulheres surgiam como transeuntes,
[A deixarem no ar, o olor de jasmim.
Aquele perfume era eternizado em nossos olfatos,
[Como se neles já estivasse nascido.

Vinham os pregões e musicavam as ruas:
Olha a cocada!
Olha a rapadura!
Olha o pé de moleque!
-Quanto é?
-Pro senhor... Dez.
-Dê cá um!
E todos comiam num prazer absoluto.
As horas iam se esvaindo até que o sol
[Iniciasse sua partida.

Via-se, então, o crepúsculo se fazer e se desfazer.
As crianças corriam para abraçar seus pais...
E as esposas colhiam olhares doces dos maridos.
As moças ficavam nas janelas de olhares perdidos.
Os rapazes as cortejavam de chapéu na mão.
A noite caía e ficava a certeza de que no dia
[seguinte ainda se teria outras tardes assim...

(Cristóvany Fróes)