O dia em que nasci foi triste...
Muito triste!
Ventos sopravam furiosos,
A chuva castigava plantações,
O sol queimava cérebros no sertão.
Na maternidade
O médico se chateava
com os gritos...
Eram gritos
de grávidas e bebês.
Leitos
improvisados nos corredores,
Pareciam infestações de ratos;
Bolsas estouravam como bolões.
E os rebentos aconteciam ali mesmo;
E sem nada
entender, eu chorava...
Dentro de mim, semideias pulsavam,
Gritavam como um grito de socorro.
Daí então, a fixa ideia de existência...
Ser a ponte entre a vida e a morte,
Ser o que um dia o tempo formará,
Ser o inimaginável, o incompreensível...
E nesse estranho estado de incertezas,
Sou apanhado
por uma doce criatura;
Alguém que molha
minhas bochechas,
Numa
ânsia incessante por doar carinho.
Num acalento a me fazer dormir...
Esquecer de tudo.
(Cristóvany Fróes)