terça-feira, 8 de novembro de 2011

Vicente artista

De dia ele tecia
e a noite encantava...
Julgava-se feliz.
Era um homem paulistano.
Como um falcão, encantava.
Gorjeava, Gorjeava
E exaltava o coração.
Nos momentos de linho;
Cosia, cosia,
Com os fios da paixão.

Vicente músico,
Vicente alfaiate,
Vicente artista.
Dos elogios de Madame Rosita,
às palmas da plateia.
Cantor nas noites serenas
e costureiro nos dias esparsos.
Um artista!
Artista!
Nos bailes, as badalações;
Gajos bem vestidos
E mulheres elegantes...
Decorava cortes,
decorava tons,
decorava estilos,
decorava tudo.
Que memória!!!
Entre cantar e coser,
O tempo.
E no tempo, a velhice...

O homem é tênue!
Tênue!
Agora, já não costura
E a sua voz é falha.
Nos passeios diários,
o surto de amnésia...
E na Rua Ezequiel Freire,
a cotidiana pergunta:
- Onde fica a Benvinda Aparecida?
É sofrida a volta para casa.
Hoje o ziguezague o ilude e,
a toada o ensurdece...
Será que Vicente se reencontrará?
Quando a arte voltar ao homem,
o homem novamente será...
Vicente artista!!!
( Cristóvany Fróes )

Nenhum comentário:

Postar um comentário