domingo, 30 de maio de 2010

Voses

Um mote para desenvolver,
Uma técnica para aplicar,
Um recurso para um efeito.
Serei melhor sem tudo isso?
Talvez!
A palavra pode ser dom,
A palavra pode ser dor,
A palavra pode ser som,
A palavra pode ser amor.
Eu suplico que me crie,
Faça-me existir...
Eu estou pronto no teu inconsciente;
Dê-me forma,
Dê-me sentido,
Dê-me vida.
Eu sou aquele que tu escreves,
[Depois risca, apaga ou joga fora.
O verso abandonado na escrivaninha,
[Por vezes lido e relido por terceiros.
Eu sou a pedra do caminho:
A pedra que não pensa,
A pedra rude e forte,
A pedra para tropeçar,
[Nessa brincadeira de futuro.
Sou eu quem te oferece pasargada.
Eu valorizo o berço lá no exílio.
Eu sou o puro verso do monte castelo,
[A voz que grita sem ser escutada.
Eu sou a manipulação,o fechar dos olhos...
[E o elã, nas mais duras críticas sociais.
Eu sou o pássaro a bater em teus umbrais,
[E a aurora que os anos não trazem mais.
Eu sou a verdade tristonha,
[E aquela mentira risonha.
Eu sou a mutação contínua...
A descoberta das coisas que
[Nunca tivera visto.
O que há de mais forte no poeta
[É transmitido em mim.
Eu não quero ser moda!
Não quero ser reflexo,
Não quero ser resposta,
Não quero ser inatingível.
Eu quero apenas ser...
O sonho é o que há de mais concreto.
E a realidade, o verdadeiro delírio.

( Cristóvany Fróes )

Tudo bem

Que alegria!
Puxar carroça
E ver colarinho descansar,
Deitar na calçada
Sem ser notado.
Oh, que paz!
Lá no distrito tudo bem,
Aqui não temos fome.
Comer para quê?
Fome agora é dieta
Vamos emagrecer...
Quem precisa de ajuda?
"Somos livres"
A rua é nossa.
Sol,
Chuva,
Calor,
Frio.
Coisas da natureza
Sempre superamos.
Tudo se compra,
Tudo se vende,
Tudo se busca.
O surdo ouve e aceita,
O mudo copia a fala,
O cego vê e finge.
Para que ir à escola
Se todos aprendem
On line ou via satélite?
Escravos,
Escravos,
Escravos.
De onde tiram isso?
O costume servil
Sempre nos serviu.
Ainda há quem reclame...

[Cristóvany Fróes]

Pretender

Saudade vai
Saudade vem
Saudade cai
Viver convém

Amigo distante
Peito aberto
Bom instante
Está perto

A paz alcançar
Neste momento
Valsa dançar
Com sentimento

E deste universo
Em breve vier
Dentre o verso
Uma mulher

Que se desdobre
Com clamor
E seja nobre
Em te dar amor

[Cristóvany fróes]

Contemplar

Vamos contemplar...
Os punhos ativos a escrever,
Os poemas que são digeridos,
Os versos que ficam na alma.

Vamos contemplar...
As influências fortes da Bahia,
As sereias que cantam nas praias,
As Gabrielas sob o luminoso sol.

Vamos contemplar...
Os poetas amadores falam do âmago,
Os efeitos causados com pureza,
Os motes que surgem por acidente.

Vamos contemplar...
As mulheres que sabem o que quer,
As paixões que rasgam o peito,
As diversas razões para amar.

Vamos contemplar...
Os anos que correm como rios,
Os tempos que temos para viver,
Os verões e invernos tão esperados.

Vamos contemplar...
As águas de dezembro a lavar o fim,
As esperanças que movem um recomeço,
As coisas possíveis e as impossíveis.

Vamos contemplar...
Os rostos marcados pela experiência,
Os fatos que nos ensinam diariamente,
Os dias que nos restam para aprender.

Vamos contemplar...
As noites serenas de todos os amantes,
As estrelas que proporcionam viagens,
As doces luas como o mais puro mel.

Vamos contemplar...
Os inquilinos do peito que moraram sem pagar,
Os sonhos que inspiram ainda o viver,
Os diversos modos da nossa contemplação.

Vamos contemplar... A vida.

(Cristóvany Fróes)

Marcante

Dia cinza dia nu,
Dia cinza dia nu.
Um silêncio incômodo,
Nada se ouve.
Nada!
Nem pássaro,
Nem vento,
Nem mar.
No peito, intempéries.
Sem brilho, descolore,
Tudo!
Da planta, a cicuta,
Do chão, o abismo,
Da rosa, os espinhos.

De repente, se ouve passos.
Será música incorpórea?
Ao longe vem a Tereza;
Canta pássaro,
Sopra vento,
Há ondas ao mar.
Surge, então, um sorriso...
Tudo brilha,
Tudo brilha,
Tudo brilha.

O peito se acalma,
As cores se revelam...
Da planta, a cura,
Do chão, o amparo,
Da rosa, as pétalas.
Sinos são ouvidos;
Calafrios são sentidos,
Arrepios ao corpo...
Chega a Tereza,
Toda envolvente.
O dia se veste
E nasce o sol.

[Cristóvany Fróes]

O casulo

O em si era um óvulo maduro.
Sensível como o verso em flor,
Que penetra sem causar dor,
Na existência do mundo duro.

Contudo,em si muito contente,
Nada perturba seu germinar.
Os pássaros gorjeiam doce ninar,
Que embala e o torna resistente.

Um dia, porém, explode-se o ovo,
Nasce, então, uma mulher rutilante,
Trazendo paz a todo instante,
Dando esperança de mundo novo.

Ruth, como água para beber,
Não surgiu no cosmo em vão,
Veio saciar a sede da emoção,
Onde seu bem maior é o saber.

Sua presença sempre tem efeito,
De um trovador no seu momento,
Realçando o azul do firmamento,
A introduzir o em si em nosso peito.


[ Cristóvany Fróes ]

FOTONALISA

Na parede da sala a fotografia da mulher
Dirige-me um penetrante e atraente olhar.
Induzindo-me a retirá-la da parede.
Fascinado, eu a tenho em minhas mãos,
Como uma rosa de perfume suave e indefinido.
Uma penumbra invade o interior do ambiente
E louco de tanto desejo, me desespero:
Choro,
Grito,
Clamo.
Eu a provoco, como se quisesse trazê-la à vida.
Uma hipnose paralisa-me enquanto eu vejo
Nascer em seu peito, um grande coração...
E na animação de um tique taque a bombear
Sangue por todo o seu corpo, ela revela-se viva.
Como uma pluma, suavemente levanta-se.
Abraça-me,
Beija-me,
Toma me.
De repente, não mais que de repente.
Ela pega-me em seus braços e decola,
Desafiando as forças da gravidade,
Proporcionando-me mágicos momentos...
Diante dos olhos, tenho todos os astros:
Planetas,
Cometas,
Estrelas...
E então, chegando à majestosa lua
Ela deixa-me à deriva e se vai sem dizer adeus.
Acordei atordoado, sem nenhum lamento,
Pois a fotografia não dá o movimento.

(Cristóvany Fróes)

Ausência

Falar sem dizer
Escutar sem ouvir
Enxergar sem ver
Cheirar sem sentir

Tatear sem toque
Florescer sem colibri
Criticar sem enfoque
Cantar sem timbre

Existir sem nome
Vencer sem labor
Comer sem fome
Beijar sem sabor

Doer sem oásis
Sonhar sem desejo
Brigar sem pazes
Namorar sem cortejo

Afagar sem abraço
Amanhecer sem alvorada
Descansar sem regaço...
É o viver sem a amada.


( Cristóvany Fróes

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Corpo atropelado

Quem me ver assim sempre a sorrir
Não sabe o que sinto, nem quem eu sou.
Não sabe que passou um dia a dor
A minha porta e nesse dia entrou.
Desde então,
Tudo é tristeza
Tudo é pó
Tudo é cinza
É nada.
E mal dispondo em mim a madrugada,
Vem logo essa dor encher o coração,
Deixando o velho corpo atropelado.
E o peito despedaçado.
Não, não choro mais.
Perdi a liquidez da dor...
Nessa vida levo muita coisa:
Olhos cansados
Sonhos desfeitos
Pés retroativos
Vestígios de saudades
Verdades falsas
Desesperos
Pessoas que ficaram
Pessoas que se foram
Pessoas que magoaram
Vitórias com gosto de derrotas.
Muitas coisas para conquistar
E a languidez a desanimar
Tantas ilusões
Tantas mentiras
Tantas aflições
Fica o corpo como traste
Imóvel como haste
Sem nada a oferecer
Sem forças para prosseguir
Sem ninguém a condoer
Apenas a mente recalcitrante
Resiste às armadilhas do tempo
Transformando o que é pungente
Na esperança de um alivio.


( Cristóvany Fróes)

EXCÊNTRICO

Excêntrico!
Nada mais que excêntrico
Um homem comum
A buscar versos simples.
E no centro de um mundo,
Descobre seu humanismo.
Passa noites em claro
Viajando em devaneios.
Escuta o barulho do silêncio.
Ama as anáforas,
Ama os adjetivos,
Ama a idéia de amar.
Prolonga os bons momentos,
Reproduz a natureza
Em surto de naturalismo.
Constrói castelos de areia
E se o vento os derrubar,
Edifica outros, ainda maiores.
E se muda para lá.
Não tem sono,
Não tem sede,
Não tem fome.
A poesia lhe serve de sustento;
Ela oferece muitos eus
Dentro de seu próprio eu
Não é clássico, nem ortodoxo,
Mas admira antigos estilos.
E quando deixa de escrever:
Mata o bom gosto,
Mata o bom senso,
Mata o romantismo.
Seria um assassino? Jamais.
Talvez um amante do realismo,
A se basear em fatos para fantasiar.
De repente, com caneta em mãos.
Na ânsia de produzir,
Cria vida nova, novo vigor,
Em um possível renascimento.
E na liberdade da arte moderna,
Sem se preocupar com métrica,
Germina um verso estranho e livre.

[Cristóvany Fróes]

Um eu

O meu peito não batia assim tão sem entusiasmo
Como este tão vazio.
Ele era valente, só se rendia ao amor.
O meu sorriso não era assim tão pálido
Como este tão sem graça.
Ele era sonoro e encantava.
Os meus braços não eram assim tão cedentes
Como os fracos de hoje.
Eles eram ativos e robustos
Os meus olhos não eram tão ofuscados
Com estes abertos na cegueira.
Eles viam além do horizonte.
Os meus cabelos? Há esses já se foram,
Como areia a esvair na ampulheta.
Eles eram presentes e voavam.
Os meus beijos não eram assim sem sabor
Como comida sem tempero.
Eles provocavam diversos suspiros.
Os meus poemas não eram assim tão frios
Como palavras em vão.
Eles tinham graça e efeito.
Os meus ouvidos não eram assim tão surdos
Como estes obstruídos.
Eles ouviam a nona sinfonia.
Os meus pés não eram assim tão sem força
Como alicerce de nação falida.
Eles tinham passos firmes.
Os meus gritos não eram assim tão abafados
Como estes já sem voz.
Eles tinham força e liberdade.
Tudo isso porque um dia
Narciso esqueceu de olhar para dentro
Do seu verdadeiro eu.

( Cristóvany Fróes)

Ziguezague

Ziguezague

Hoje a costura decide
O prazer desse ensejo.
Para cozinhar incide
Belas faces do desejo.

Cozer inspiração nossa
Para sustento do peito.
No dizer a boca possa,
Afirmar amor perfeito.

Uma bela companheira
Que saiba tecer o linho.
Mais que mulher rendeira
Nunca me deixe sozinho.

No ponto do ziguezague
Ternura de muitas flores.
Tecido que me afague
Como pétalas em cores.

Seus dotes não têm dano,
Ensina-me fazer renda.
Eu a ensino nesse plano,
A namorar como prenda.

No coser de cada passo
O casal não desvencilha.
A refazer cada laço
Do verso em redondilha.

Dos botões às casinhas,
Do duro brim ao veludo,
Das agulhas para linhas,
Ao bem que aquece tudo.

[Cristóvany Fróes]

FLORESCER

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
A vida vai e vem como o crepúsculo
E a alvorada no nascer e findar de um dia.
O nosso senhor ressuscitou e com ele, a paz.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
No rebento surge Sakura, a bela cerejeira,
É muita bondade do nosso senhor Jesus
Oferecer a árvore a um pequeno samurai.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
Amanhã samurai não abraça a cerejeira,
Hoje é que é o dia do carinho, o presente.
E o dia é domingo, para árvore e samurai.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
Há um belo florescer e um frutificar
Fenômeno que atrai os amantes da beleza
O tempo é agora, amanhã um talvez.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
Impossível não perceber uma amizade
Neste momento a árvore já faz parte do homem
E em cada florescer reforça ainda mais a ternura.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
O samurai namora à sombra da cerejeira
Nasce, então, amiga confidente de seus amores.
Hoje há um himeneu e um novo desabrochar.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
Filhos e netos brincam ao redor de Sakura.
Há um renovar na esperança dos homens
E o dia é domingo, jamais deixará para amanhã.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
O espadachim já não é o jovem de outrora.
Todos os seus amigos de infância morreram
Trezentos anos de alegrias e muitas tristezas.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
A cerejeira é a única amiga que lhe restou
No domingo à sombra ele conta seus delírios
As vantagens e desvantagens de viver tanto.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
Não há mais sombra, a árvore secou.
O samurai a espera por um verão inteiro.
A árvore o deixou sem dizer adeus.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
Há um homem triste, sem razão à viver.
O povo é generoso e dão-lhe outra cerejeira.
Mas em seu peito nada substitui aquele elo.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
O samurai quer vê-la florescer mais uma vez.
Decide, então, doar sua vida à cerejeira.
Com a espada abre o peito e libera seu espírito.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
O seu espírito se funde a árvore, que se revela.
Assim como o pai, ela vem trazer esperança.
Amanhã é segunda e o futuro está além.

Hoje é domingo, amanhã é segunda.
O samurai se vai para Sakura viver.
Para que seja mais belo o nosso presente.
E o dia é domingo, segunda, é outro dia.

Hoje é domingo amanhã é segunda.
Todos os anos o povo se reúne no pomar
Para ver florescer o espírito do samurai
E renovar a esperança em seus corações.

( Cristóvany Fróes)

O sono

Na ânsia de escrever
Deixo o tempo esvair
Criação há de prover
O lugar aonde ir

O sono que me chega
Interrompe o poema
Surge figura da nega
A provocar a cena

O regaço me chama
Ao leito de tatame
Lá há moça bacana
A espera que eu a ame

Eu o único candidato
A tê-la eternamente
Na folha o retrato
Do romance ardente

Viajo como Macunaíma
Como fez o velho Mário
Nos braços da menina
Inventada no diário

Acordo seguinte dia
No impacto do susto
Ao ver cama vazia
Acredito com muito custo

Lá, musa não havia,
Apenas uma viagem
Que a mente fantasia
No texto sem margem

De caneta em punho
E olhos no teto
Percebo o rascunho
Do poema incompleto

( Cristóvany Fróes)

Lugar

Dentro do peito uma certeza
A paz nunca estará fora dele
Acima de tudo está o pai
E abaixo dele fica o homem,
Vivendo debaixo desse sol.

Aqui na terra procura o sentido
Embaixo dela a busca encerra.
Eu afã, escrevo o que vejo ali.
Adiante, o horizonte a fascinar,
Detrás dele o vivente a sonhar.

Querer alcançar o que está longe...
É não pensar no que está acolá,
Nem no que atrás se esconde.
E estando aquém da conquista
Fico eu sonhando onde estou.

Se lá, há uma felicidade a viver...
Perto, mais esperançoso eu existo;
Quimérico, eu já não sei aonde vou.

[ Cristóvany Fróes]

Dulce verso

( à minha mãe)


Minha mãe me deu um verso
Que concebeu bem materno
No ventre eu transverso
Provocar nascer eterno

Minha mãe me deu um verso
Feito com muita labuta
A abrir outro universo
Por mulher de boa conduta

Minha mãe me deu um verso
Em me dar honestidade
Jamais caminho inverso
Nem orgulho ou vaidade

Minha mãe me deu um verso
Com suor me deu comida
Eu vendo mundo diverso
Apressei minha partida

Minha mãe me deu um verso
Longe bem querer aumenta
Dele nunca desconverso
Que este peito agüenta

Minha mãe me deu um verso
Nada, porém, nos separa.
Mesmo estando adverso
Seu carinho me ampara.

Minha mãe me deu um verso
Para minha vida pegue
Este amor que converso
Com Dulce feliz prossegue

[Cristóvany Fróes]

Dia a dia

Mulheres são raízes
Mulheres são estranhas
Mulheres são felizes
Mulheres são façanhas

Mulheres são ágeis
Mulheres são piradas
Mulheres são amáveis
Mulheres são saradas

Mulheres são sedosas
Mulheres são olores
Mulheres são dengosas
Mulheres são sabores

Mulheres são ruas
Mulheres são cidades
Mulheres são luas
Mulheres são saudades

Mulheres são poderes
Mulheres são ternas
Mulheres são quereres
Mulheres são eternas

Mulheres são solteiras
Mulheres são casadas
Mulheres são inteiras
Mulheres são ousadas

Mulheres são meninas
Mulheres são ocultas
Mulheres são genuínas
Mulheres são adultas

Mulheres são aves
Mulheres são sensíveis
Mulheres são naves
Mulheres são incríveis

Mulheres são critérios
Mulheres são faceiras
Mulheres são mistérios
Mulheres são guerreiras

Mulheres são fascínios
Mulheres são hilárias
Mulheres são domínios
Mulheres são necessárias.

[Cristóvany fróes ]

Viajar

Levanto,
Tento partir
Mas, incompetentes
Os pés não obedecem.
O corpo verga e cai.
E no monturo
Tento reagir.
Sem êxito, apenas a mente,
Aventura-se a prosseguir.
Embarco na linha do horizonte
E vou...
Viajo nesse lá sem fim.
Onde não há danos.
E no cosmo toco estrelas
Como harpas em leve toada.
Flutuo como a lua
A fascinar e roubar amantes
E em um mar azul
Navego em barcos de papel
Rumo ao desconhecido
Sem limite
Sem vertigem
Sem dor.
Infinitamente além.
Infinitamente só.

[Cristóvany fróes]