domingo, 29 de maio de 2011

Metropolicéia



Metropolicéia

Em meio a um mundo louco e esparso,
eu me deparo neste confuso organismo vivo...
Há um estranho coser de figuras inimagináveis,
dentre as diversas concepções idiomáticas.
 
Surge daí, pessoas de rostos étnicos milhares,
em constante mutação e transmutação da vida.
Paulicéia de um cinza ambíguo, quanto à sua beleza;
onde as cinzas das horas se esvaíram
para que fosse fundado um dia o desvairísmo.

Paraíso, inicio do centro financeiro,
que se finda na Consolação...
Centros culturais dividem espaço com
empresas diversas;
calçadas mendigam níqueis e faróis
revelam artistas anônimos. 
Da Avenida Paulista, a ilusão
de engravatados robóticos,
sobre uma realidade econômica
ingerida por marionetes...
Aos domingos, um deserto;
como se nunca fora antes habitada,
para, então, ser novamente invadida
bruscamente na segunda-feira. 

Praça da Sé, de indivíduos idioletos, socioletos
e etnoletos desconcertantes;
a desafiarem as célebres visões
coserianas, saussurianas e jakobsonianas,
quanto aos pensares linguísticos semióticos. 
Nove de Julho de fantásticos e
estranhos arranha-céus,
que misturados às casas,
revelam uma estranha dimensão 
arquitetônica e antonímica dum outro viver.
 

Dos prédios, o sentimento de grandeza
sobre átomos, que lá embaixo
se animam apressados como saúvas. 
Passarelas públicas de passeios despreocupados
entre ruas, praças e avenidas movimentadas.
Santanas que se juntam e se desvencilham,
 
nas Cruzeiro do sul e Voluntários desta pátria.

Metrô de seres que se tocam
sem se conhecerem
e se veem na invisibilidade
do mergulho autoconsciênte.
Um grande correio surge
dentro de uma praça única,
cuja estrutura nos remete
a um tempo psíquico individual...
Entre carros, motos e sinaleiras,
há florestas...
Verdadeiros atropelos de tempo-espaço-fato,
dirigindo na contramão do "de repente".

Uma verde e viçosa Ibirapuera incide,
em meio a buzinas, fumaças, vozes e motores.
Um enorme zoológico se revela
na mais surpreendente selva de concreto. 
De repente umas garoas em pleno sol,
a nos levar a estações estranhamente românticas.
Augustos e Haroldos de campos espaços,
a germinarem versos em poemas concretos.
Pessoas de olhares perdidos sobre a arquitetura Masp,
ou pelo encontro da São João com a Ipiranga...
E na praça da bandeira,
a consciência de brasilidade vesti-se na elegância
do Braz, com o charme de Bom Retiro,
 e se embala nas oportunidades da 25 de Março.
E eu, enfim, encontro minha Estação Luz,
nas avenidas desta vida,

entre os trilhos deste paulistano universo. 

( Cristóvany Fróes )

sábado, 28 de maio de 2011

"Saudade nada mais é que
a constatação da falta
de alguém especial"

( Cristóvany Fróes )

terça-feira, 24 de maio de 2011

Perdido

Perdido!
Eu fui e não voltei.
Eu me perdi sem me encontrar.
Lembrei, mas esqueci.
Tentei, mas desisti.
Fiquei quando era para ir.
Fui, quando tinha de ficar.
Escutei, mas não ouvi.
Enxerguei o que não vi.
Senti o que não existiu.
Eu não sou daqui!
Sou de além-lá,
[onde o viver é uma aventura inconsequente.
Viajo sem sair.
Adormeço sem dormir.
Anoiteço sem entardecer.
Eu sou de ninguém.
E o meu aqui é além.
Vou como quem fica.
E fico como quem já foi...

( Cristóvany Fróes )

Da professora Tereza

Da professora Tereza os olhos.
Fixos em mim, disperso no erro.
E quanto a paixão de pimpolhos,
fazia-me rugir como tigre no cerro.

Da professora Tereza a boca,
num falar da gramática sonora.
Dos lábios saiam a sinfonia louca
e eu ali dentro, viajava lá fora.

Da professora Tereza o pescoço,
cujas veias se sobressaiam, irritada.
Via-se volúpia nos momentos de esforso.
Era alta, mas, meu tamanho, sentada.

Da professora Tereza "uns braços",
se elevando nos momentos de giz.
Em cada palavra na lousa, seus laços
e a denuncia da lição que eu não fiz.

Da professora Tereza o perfume,
impregnava esta sala de minh'alma,
a distribuir no ar tanto amor e lume,
que meu peito até hoje bate palma.

( Cristóvany Fróes )

sábado, 21 de maio de 2011

Ode ao sistema

Eu insulto os maçons, os iluminatis!
O neoliberalismo, os mercenários!
O alienador capitalista, o demagogo!
O "onze" que forma os portais, as duas torres!
O olho que tudo vê, o olho de órion!
A escuridão com nome de luz! As espionagens!
As concepções financeiras, as especulações!

Eu desprezo os cento e trinta influentes!
A competição por emprego, por comida!
A manipulação da tv, a falsa ideologia!
A bandeira de Israel, o Hexagrama!
A politica americana, as conspirações!
A luz obscura, O dólar americano;
que escravizam o mundo e ousam
chamar de democracia.

Eu abomino a guerra, o massacre!
A bandeira americana, as treze faixas!
Os Gilderberg! As profecias!
Moloque e as sociedades secretas!
Os símbolos subliminares! A pirâmide!
A linhagem do mau, As treze famílias!
que decidem o futuro do mundo,
reinando sobre milhões de alienados.

Morte a usura, a corrupção!
Morte às doenças inventadas!
Morte ao iluminati desfaçado;
Que induz o homem a uma ambição
sem limites, descaracterizando o ser.
"-Mulher, eu não sei o que vamos comer,
o dinheiro é para pagar o carro zero.
- Mas vamos morrer de fome!"

O Deus que nos ilumina, é verdadeiro!
Não pede nada em troca,
apenas o amor lhe convém.
E entre o céu e o inferno,
existe um caminho chamado Cristo,
que anula o mau, mostra -nos o bem.

Abaixo os sacrifícios humanos!
A maçonaria! "Os presentes!"
O Grupo dos oito! O Grupo dos vinte!
A observância, O autoflagelamento!
Ao artista vil! O discípulo Iluminati!
Ao demônio Bush! Ao Obama!
A repressão dos países pobres;
vivendo na miséria, enquanto a América
gasta milhões financiando guerras.

Mate! Mate a ti mesmo, oh abutre mesquinho!
Ódio ao presidente dos estados Unidos!
Ódio às pedras da Giorgia, àquelas inscrições!
Ódio Ao Pentágono! Morte ao sistema!
Ódio a Casa Branca, O trono do mau!
Ódio a discriminação! O Apartheid!
Ódio a nova ordem mundial! Às más intenções!
Ódio a hierarquia inglesa! Ao chanceler!
Se aliam a yankees para aterrorizarem o mundo.
Ódio ao encontro anual Gilderberg!
Pensam que sempre dominarão o mundo,
mas vem aí a resistência para combatê-los.
Ódio ao curral que vivemos! Ao gado obediente!
Enquanto isso, "dorme nossa terra
tão distraida, sem perceber que é subtraida
por tenebrosas transações".
Ódio justificável, compreensão mútua!

Fora! Fora! Fora sistema iluminatis!

( Cristóvany Fróes )

terça-feira, 10 de maio de 2011

O cargo

Oh! quão melancólica
a vida do deputado,
nem o emplasto Brás Cubas
poderia curá-lo.
Pobre homem!
Quanto aos sentires;
ele sente dó, lares distantes
e outros bens...
Que pena!
Tanto decoro há
para cumprir,
que é dificil decorar.
Contudo,
nada a se preocupar,
seu povo está seguro
em terra firme
e o nobre, além-mar.
Ah! Aqueles cruzeiros
a torturá-lo
com tanto desconforto...
Será por isso o languor ?
Como escafandrista,
ele fica imerso
em umbráticos projetos,
a serviço de outrem.
E nessa selva de raposas
e leões,
a honestidade é um bicho
desconhecido.
E no cargo,
de-pu-ta-do, sem as silabas,
inicial e final,
a palavra que fica é sempre
melancólica.

( Cristóvany Fróes )

domingo, 1 de maio de 2011

Pouco amor

Eu quero amar...
Amar, mesmo quando houver desamor.
E quando o desamor desanimar
eu amarei ainda mais.
Mesmo quando o ódio corroer o peito,
eu amarei para curar.
Eu quero amar...
Amar, amar, até que eu me canse
de amar
e ame denovo para descansar.
E quando amar for amoroso demais
eu amarei para amenizar.
Eu quero falar tanto de amor,
que o poema deixará de ser poema
e será, amor.
Eu quero amar
até o ponto em que o "não"
disser sim, ao amor.
E se me proibirem de amar,
eu amarei a proibição do amor
e o amor proibido.
Eu quero amar a idéia de amar,
e amar a quem ama incondicionalmente.
Amar o meu amor e o amor dos outros,
que somados ao meu, ficarão ainda maiores.
Amar o amor e dividir amor com outrem.
E se o amor não me amar,
eu amarei o amor até o amor me amar.
Eu quero amar, porque amar
não se perde tempo explicando,
simplesmente ama.
E se o tempo passar quando eu amar
eu amarei até que ele volte.
Eu quero amar...
Quando rouco eu estiver,
sussurrarei amor nos ouvidos do amor.
E quando o amor chegar ao fim
é porque finalmente chegou a hora de amar,
perdidamente.

[Cristóvany Fróes]

Esperar

Eu, isolado na minha triste alcova,
sentado diante da escrivaninha,
esperava um poema chegar...
Eu queria um poema,
se o fiz, não sei, mas queria fazê-lo.
Eu queria que ele viesse,
arrancasse meus pés do chão
e me fisesse voar.
Queria um poema doce...
A cada recitar, um beijo;
A cada leitura, um abraço;
A cada verso, um sorriso.
Eu queria um poema,
Que devolvesse ao surdo, a audição
Que desse ao cego , a visão
Que fizesse nascer no mudo, a voz.
Eu queria que a viúva chorasse de alegria,
ouvindo de seu falecido, o adeus,
em póstumas palavras de amor.
Queria que tivesse a beleza das flores,
que doam o doce néctar ao colibri.
Eu queria que ele tivesse a pureza
da criança,
que ama sem saber.
E o meu poema bailando no ar,
infectando todos sentires humanos.
Ah, quem me dera o verso puro,
o verso que eliminasse o ópio
e trouxesse de volta a lucidez louca de amar.
Eu queria o verso do amanhecer,
como o despertar dos passarinhos
em primeiros gorjeios.
E ao anoitecer,
o crepúsculo matutino finalmente
se encontrasse com a aurora
e a declarasse amor eterno.
Eu queria um poema forte,
que não se abalasse com as mãos trêmulas
do autor.
Um poema que vencesse a bomba
e ocupasse a cabeça do homem vil.
Queria um poema que mostrasse piedade,
tirasse do carrasco o chicote
e desse à vitima a voz do perdão.
Como eu queria um poema...
agora, de repente, rodeado de flores,
diante do corpo jaz e do verso frio da lápide,
lembro-me que fazer o poema,
eu nem ao menos tentei.

[Cristóvany Fróes]

Aqui

Estar aqui
Seria um fato,
se não fosse o fato
de não saber se
sou, estou
ou imagino ser.

[Cristóvany Fróes]