sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Refeição

Abordo dum disco voador
Teu pedido Chega à mesa,
O garçom te serve poesia...

As palavras bem colocadas,
Versos fortes e com efeitos,
Rimas sutis e surpreendentes,
Mensagens fáceis e profundas...

E ao degustar desse cardápio
Tu serás mais humana e bela.
Comerás com ânsia e voracidade,
E depois de cear todo o texto
Tu serás poesia e a poesia, a vida...

A digestão te causará arrepios
E tu ouvirás sininhos tocando,
E verás cupidos acertando casais.
Uma vez atingida, tu amarás...
Mais do que o amor é capaz.
( Cristóvany Fróes)

Poeta difícil

           Sou o poeta difícil,
         Ninguém me entende.
    Acham-me subjetivo demais,
      E que dificulto as coisas...

      Mas a poesia está em mim,
  E não precisa ser compreendida.
                       Não!
   A poesia não quer ser entendida,
      Ela quer ser sentida, vivida...

     E assim será parte do homem
     E o homem, a própria poesia.
     Quanto a mim, uma incógnita.
    Afinal quem pode compreender
                O ser humano?

            (Cristóvany Fróes)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Chegada

Sofro com o que vejo,
Morro com o que sinto,
Choro com o que desejo,
E pago pelo que minto;

Deixo o que não tenho,
Pego o que me restou,
Viajo mas não venho,
E esqueço onde estou.

Aguardo a tua vinda,
Sonho nessa estação,
Vejo a tua face linda,
E amoleço meu coração.

(Cristóvany Fróes)

Braços nus

Borges de outrora,
Uns belos braços
Arrebatam teu peito.
Uns braços...
Braços nus explícitos
São de puro fascínio.
Tudo o que vês é desejo;
É fantasia,
É volúpia,
É amor.
De braços a mostra,
Severina é pura tentação.
E num fantástico sonho,
Tu beijaste com fervor...
Na boca, o doce sabor do beijo, 
num sonho realisticamente 
machadiano.

(Cristóvany Fróes)

Triste busca

    É fácil fazer-se triste,
     Difícil é estar alegre...

   E neste mar de solidão
  Há um tormento ritmado...

No estandarte de melancolia
 Eu não sei se fico ou se vou.

  Lá fora, folhas secas caem
    Dessas árvores amargas,
Num solitário chão de abismos.

  Preso em minha casmurrice
  Eu anoiteço sem entardecer...

 E nesta noite fria e tão errante
  Minhas palavras sempre vãs,
 Desfalecem no tempo mórbido,
 E na juventude que já me fugiu.

    Louco, tento resistir à sina,
À soma dos alcaloides do Bandeira...

   Sozinho, busco lírios de paz,
     Neste meu bosque árido.

   Entre minhas lágrimas, sonhos
     Sobre uma realidade triste
          perturbam meu ser...

   E esses sonhos ficam à deriva,
     Num navio de esperanças,
     Em busca do porto seguro,
            Chamado amor.

          (Cristóvany Fróes) 


domingo, 9 de setembro de 2012

Corcovado

"A escultura é apenas a arte,
A fazer lembrar a grandiosa
Existência... Do divino".
(Cristóvany Fróes)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

ASSOLADOS QUINTAIS

       Em nossos campos assolados
     Os rebentos insistentes vingam...
  Seus pálidos frutos não são polpudos
      E o mais árduo produtor chora...
    E seus soluços de dor perdem-se
       No inóspito espaço sertanejo.

   Novenas e procissões se arrastam
     De olhos e mãos para o cosmo...
     As gotas de esperança tardam e,
      Teimam rudes no firmamento.

    Viagens de morte e vida Severina,
   levam Riobaldos a veredas distantes.
     O tão esperado cio da terra surge
   Nos pingos de alegria caídos dos céus.
         E a bruta terra fecunda a vida
      Nessa voraz necessidade humana.

               (Cristóvany Fróes)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Pureza

Partir... Voar voar, libertar-se,
desprender-se da gravidade,
quebrar a barra e flutuar...
Sair deste sistema prisional,
cujos muros são invisíveis...
Derrotar os inimigos ilusórios,
soltar a mente e revelar-se...
Encontrar todas as respostas
e abrir os olhos do mundo...
Por bem, ser parte de um todo
e esse todo formar um sentido...
Encontrar o sentimento puro
e com ele semear toda terra...
Fazer nascer, então, uma
benigna consciência humana;
trazer de volta a pureza
e a pureza fazer parte do ser...
E esse novo ser poder desvendar
o verdadeiro sentido de viver,
para a vida seguir seu rumo
sem a necessidade da morte...
E a morte, então, tornar-se germe
e dele brotar, uma nova vida.

( Cristóvany Fróes)