sábado, 30 de julho de 2011

Receita de Vilão

Iago esperto;
enganou a Otelo,
enganou à Desdêmona,
enganou a si mesmo.
E morreu bobo,
no próprio
engano.

( Cristóvany Fróes )

Recado de Colibri

Despedaçando a flor,
ele rende-se
ao crime.

E o olor que imprigna
o ar
não detém a bala.

E tal ato
interrompe
o ciclo vital.

Entre o tiro
e a flor,
o perfume
e a pólvora;

um colibri
passa
sussurrando
amor,
entre beijos.

( Cristóvany Fróes )

Por Narciso

O reflexo
na água
encantou
Narciso,
que não
partilhou
da beleza.

Num fatal
abraço,
a imagem
se desfez.

Da sua vida
Nasceu
uma
Compartilhada
flor.

( Cristóvany Fróes )

Cartinha

A carta da vida
não tem
resposta
que conforta

Uma alma
que
insiste
em
balbuciar.

Gaivota

A gaivota
vai e volta.

Atira-se
na imensidão.

E no zodíaco,
fixa estrelas.

Perdida,
procura a si mesma.

A frente,
um horizonte
de sonhos.

E num esmero
infinito lúdico,
reinventa-se.

( Cristóvany Fróes )

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Caixa de ilusões

Quando liga a caixa se esquece...
Mas esquece de si e vive a imagem.
A caixa de pandora acumula audiência:
Cenas cotidianas de novelas,
Cenas chocantes de filmes,
Cenas de muitas reportagens.
E a vida passando diante dos olhos.

No sofá, o inerte corpo se espalha.
E a imagem vai ditando as regras...
A tevê impõe uma verossimilhança.
E a atenção da família é furtada:
" -Silêncio! Eu estou assistindo..."
Uma emoção fictícia a fazer chorar...
E a vida passando diante dos olhos.

O mercado de ilusões a todo vapor:
A coca-cola que vai matar a sede;
O shampoo a deixar o cabelo lindo;
A cerveja é o elixir para a alegria.
É obrigatório comprar para ser atual.
Compram, e vão consumindo o olhar...
E a vida passando diante dos olhos.

A toda hora a atenção é assaltada.
É um bombardeio de produtos "úteis".
A garota vende programa e ideologias.
A sexualidade é a alma do negócio.
A criança vende o inocente sorriso...
E o vídeo apassivador finge interagir.
E a vida passando diante dos olhos.

Coagido, o ser já não é mais dono de si.
A vida é ditada pelo frenético aparelho.
E a passividade impregnou-se n'alma;
Mas o cartão de crédito paga tudo.
O cartão paga até o que não precisa.
E a caixa furta até o ultimo olhar...
E a vida passando diante dos olhos.

E a vida vai passando...

( Cristóvany Fróes )

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Errar

"Errar não é humano, é eventual.
Acertar é humano, e se erramos
é tentando acertar"

(Cristóvany Fróes)

Ajuda?

"Pedir ajuda a políticos, é o mesmo
que vender a alma ao diabo e, ainda
assim não obter o que se precisa."

(Cristóvany Fróes)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Uma loucura

E ele era um jovem que amava com candura,
daqueles que sorria até mesmo sem motivo.
E a felicidade lhe era uma comum fervura
de uma alegre vida, num cotidiano ativo.
E o povo dizia: Uma loucura!

E seus passeios era com a mais bela figura,
Tereza, mulher de encantos espetaculares.
E o sentimento maior reinava com muita doçura,
até mesmo nas palavras que diziam seus olhares.
Para muitos, uma loucura...

E durante anos esse amor lhe fora uma fartura,
sempre degustado como o mais delicioso alimento.
E a reciprocidade desse bem era uma aventura,
que acalmava seu açucarado peito ciumento.
E todos: Uma loucura!

E aquele rapaz já não sorria mais a essa altura,
andava tristonho, lamentando pelos cantos isolado.
E a mudança que lhe provinha era de uma desventura,
seu bem maior se foi, e de Deus ela estava ao lado.
Pensavam... Uma loucura...

E o ser melancólico contestava sobre a sepultura.
_Por quê? Por que tu foste embora, ó bela companheira?
E a sua tristeza e o desespero não se fazia mistura,
pois os passeios ele voltara a fazer de outra maneira.
É mais uma loucura...

E o homem manifestava-se contra a nova estrutura,
que transformava a cidade e o tempo de outrora.
E que derrubavam árvores, destroíam praças por usura;
um teatro caiu e deu lugar a uma fábrica motora.
Os vizinhos: Uma loucura!

E o senhor reclamava das mudanças com bravura,
das coisas que deixaram de existir no cenário.
E outro dia queseram demolir o bar da literatura,
no local, o velho foi detido por manifesto contrário.
E a polícia: É uma loucura...

E o cárcere explicava os protestos e sua azedura,
que derrubaram a árvore, onde primeiro viu seu bem.
E da praça destruída, os namoros com a sua fofura,
mesmo o teatro, lembrou primeiro encontro também.
Lembrar é uma loucura!

E sobre o bar, o idoso queixoso falava de amor e da jura,
que a amaria para sempre, pois seu peito é fraterno.
E poupado o bar, o louco voltou a sorrir sem amargura.
Agora livre, vai continuar a amar esse louco amor eterno.
Éh, amar é uma loucura...

( Cristóvany Fróes )

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Reamor

E brota num peito um belo sentimento,
em que a chama ardente serve de guia.
Um queimor indescritível alegra o âmago
e a fina sintonia de uma orquestra o embala.
Rancores desaparecem e dão lugar a cores,
Cores que formam um colorido tridimensional,
induzindo os amantes à valsa louca.

Loucura para terceiros, paraiso em quem sente,
e belo, diante da pureza de assussena.
O tempo se esvai numa metamorfose imperceptível,
repleto de carícias e declarações de bem estar.
Por ironia da vida, vem o desamor e os separa
e desde então, um castelã de tristeza os assalta.

Perde-se da vida o sentido, a realidade se enduresse
e o mais puro sentimento desaparece.
E no jogo de amor-desamor e morte-renascimento,
surge da eternidade o reamor, na contradição do efêmero.
Da semente brota a árvore e da árvore a semente
o amor nunca morre, permanece eminente.
Quem ama, ama para dormir, acorda para amar
e reama num puro e incessante flamejar.

( Cristóvany Fróes )