quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ao despertar

Ah, que devaneio...
Que estado de espírito!
Será que sonhei realmente?
Não, é a mais doce realidade.
Acorda amor!
Acorda!
Olhando-te aí deitada,
Recordo-me da noite passada;
Tantas palavras doces,
Tantos beijos molhados,
Tantos abraços apertados.
Acorda!
Acorda!
Acorda!
Já iluminaste minha vida,
Os meus sonhos,
Os meus anseios,
Os meus caminhos.
Agora estais aí a dormir.
Vamos, levante!
Veja que lindo dia!
O sol está a sorrir para ti,
O venta a espalhar o teu olor,
E o tempo, este quer te prolongar.
Avante, fique de pé!
Eu já me sinto o próprio Crusue
Sem a companhia de Sexta-feira.
Oh, tu me acostumaste mal.
A tua presença é como a do Manolim
Na vida de um velho pescador.
O teu sorriso é como o sol,
A desabrochar nos jardins do crepúsculo.
Agora, tu estás aí imóvel.
Como pode dormir tanto?
Será uma metamorfose?
Ó meu deus que tristeza!
Abriram a caixa de pandora.
E minha rosa virou crisântemo.
Ó flor cruel, por que agora?
Devolva a minha rosa.
Ó perfeita e dedicada Rosa...
Tu sempre foste tão companheira,
Tão terna,
Tão constante,
Tão eterna.
Agora vais embora de repente,
A levar contigo minha alegria.
E se é assim, contigo eu irei.
Mas, como partir?
A navalha!
A navalha!
A navalha!
Ó lâmina fria,
Torne finita esta dor.
- E vendo minha face no objeto...
Engano-me como um mouro tolo,
Sem necessidade de um Iago.
Até que de repente...
Não mais que de repente.
Um súbito abraço me assalta.
Que delicioso susto!
Surpreendido no desabrochar.
Que sorriso!
Que perfume!
Que siso!
Que lume!
Ó deusa, como tu és perfeita...
Mas, porque demoraste tanto?
Esperavas a aurora para despertar?
- Não, eu só queria prolongar
[ nossos momentos.

Cristóvany Fróes

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