sexta-feira, 28 de maio de 2010

Corpo atropelado

Quem me ver assim sempre a sorrir
Não sabe o que sinto, nem quem eu sou.
Não sabe que passou um dia a dor
A minha porta e nesse dia entrou.
Desde então,
Tudo é tristeza
Tudo é pó
Tudo é cinza
É nada.
E mal dispondo em mim a madrugada,
Vem logo essa dor encher o coração,
Deixando o velho corpo atropelado.
E o peito despedaçado.
Não, não choro mais.
Perdi a liquidez da dor...
Nessa vida levo muita coisa:
Olhos cansados
Sonhos desfeitos
Pés retroativos
Vestígios de saudades
Verdades falsas
Desesperos
Pessoas que ficaram
Pessoas que se foram
Pessoas que magoaram
Vitórias com gosto de derrotas.
Muitas coisas para conquistar
E a languidez a desanimar
Tantas ilusões
Tantas mentiras
Tantas aflições
Fica o corpo como traste
Imóvel como haste
Sem nada a oferecer
Sem forças para prosseguir
Sem ninguém a condoer
Apenas a mente recalcitrante
Resiste às armadilhas do tempo
Transformando o que é pungente
Na esperança de um alivio.


( Cristóvany Fróes)

Nenhum comentário:

Postar um comentário